Sala De Treinamento

Primeiro Treino

Ansiedade, essa é uma das minhas maiores características, se não a mais marcante. Caso existisse algum grupo ligado à ansiedade eu com certeza não estaria na Staunch.
Mal podia esperar para finalmente treinar meus poderes em algum lugar apropriado para isso, e agora que estava na Academia, essa sem dúvida era minha chance.
Conversei com meu pai sobre o uso da sala de treinamento e ele explicou que haviam profissionais dispostos a nos dar a assistência necessária e por isso eu podia utilizar a sala contanto que estivesse no horário permitido para treinos. Essa foi a melhor notícia do dia.
Vesti uma camiseta azul escura, uma jaqueta de couro, calças jeans e um par de tênis pretos e peguei meu mapa para não me perder dentro daquela imensa Academia.
Não demorou para que eu encontrasse a tal sala de treinamento e devo admitir que assim que vi o tamanho daquela sala até então vazia eu me surpreendi.
Não havia nenhum outro aluno esperando para o uso da sala no momento, então tive rápido acesso a ela.
Sem equipamento algum entrei na sala de preparo onde uma máquina me escaneou deu as boas vindas.
– Bem vindo, Frederick. Que tipo de treinamento gostaria de ter hoje? – A voz perguntou. Um painel com opções de lugares variados surgiu na minha frente.
Pensei um pouco para dar a resposta. Qual seria o máximo que a sala de treinamento permitiria?
– O que você recomenda? – Pergunto por fim.
– Minha analise da sua ficha não permite que eu crie simulações de combates que ofereçam risco para você. Que tal se eu lhe proporcionasse o básico para o uso de seus poderes?
– Contanto que eu possa utilizá-los...
Assim que falei isso a voz falou algo do tipo "Gerando Ambiente". Após alguns segundos a plataforma na qual eu me encontrava começou a subir e quando me dei conta estava em uma rua que não conhecia de uma cidade. A rua se estendia e tinha ligação com outras ruas com carros abandonados espalhados por todos os lados, focos de incêndio e hidrantes jorrando água.
– Bom treinamento – A voz falou por fim. Era isso. Todo aquele terreno a meu dispor.
Eu ainda queria aprender a voar usando minha Magnetividade, mas não conseguiria fazer isso sozinho.
"Mas o que eu faço aqui?!" Pensava.
Com todo aquele ambiente no caos que se encontrava, creio que a proposta que o computador havia criado era acabar com os focos de incêndio e outros problemas que o ambiente apresentava.
Não podia acreditar em como aquilo tudo era realista.
Logo na minha frente um carro bloqueava a passagem. Esse era o primeiro desafio. Levantei ambas as mãos me concentrando no carro que atrapalhava a passagem e fiz um movimento brusco pra frente com os mesmos a fim de empurrar ele para trás. Ele se moveu apenas alguns centímetros.
Como aquilo era difícil! Não estava acostumado a mover coisas grandes. Na verdade praticamente não havia usado meus poderes ainda.
Mais uma vez me concentrei no carro. Ignorei por um momento tudo que estava acontecendo em volta e dessa vez obtive um resultado melhor. Podia sentir aquilo como se fosse uma parte de mim que podia ser movida apenas pelo simples fato de querer que isso acontecesse.
O carro então se moveu para trás e com um impulso meio exagerado o joguei para o lado. O carro então acertou um poste e o derrubou.
– Desculpa! – Gritei imediatamente para o computador. Sem resposta alguma. Nesse ponto já me sentia um idiota sem controle dos poderes.
Ignorando a vergonha continuei o caminho andando pela rua.
A próxima coisa que encontrei na rua foi um hidrante que jorrava água descontroladamente. Claro que ela não esperava que eu utilizasse a magnetividade desta vez. Apontando um mão para o hidrante lancei um jato gelo que congelou ele inteiro e fez com que a água parasse se jorrar.
Sorri feliz com o meu desempenho. Mesmo parecendo algo aparentemente simples de se fazer, era um grande feito para mim controlar a quantidade de gelo que iria lançar.
Um pouco mais a frente, um inicio de incêndio se instalava na entrada de uma loja de bolos. Corri até lá e agora com as duas mãos lancei gelo sobre o fogo até que ele fosse apagado.
Segui em frente um pouco mais confiante agora. A rua na minha frente parecia tranquila ignorando é claro alguns carros aqui e ali que estavam batidos. O fato é que nada lá ameaçava explodir ou dar inicio a mais incêndios.
Enquanto andava calmamente sobre a rua comecei a questionar o nível de inteligencia do computador. Foi quando mais uma vez ele me surpreendeu.
– Está indo bem. Podemos dificultar um pouco as coisas. – A voz do computador falou. Assim que terminou a frase pude ouvir um grito de terror vindo de uma rua ali próxima. Fumaça também começou a aparecer de algum lugar não muito longe dali.
Nervoso com os gritos incessantes comecei a correr até virar à direita podendo agora ver uma segunda rua que havia sido gerada.
De uma casa da rua uma mulher gritava da janela do segundo andar por onde muita fumaça também saía. O incêndio que ocorria na casa estava não só no segundo andar quanto no primeiro.
Mesmo nervoso com a situação não pude deixar de pensar: "É disso que eu estava falando!"
Corri em direção a porta da casa e a abri com um forte chute. Dali de fora já pude sentir o calor que o fogo proporcionava.
Entrei então na casa pronto para soltar gelo em alguns focos de fogo que pudessem atrapalhar. Tinha que chegar logo no segundo andar.
Enquanto procurava desesperadamente pela escada que levava ao segundo andar alguns pedaços flamejantes do piso superior caíam aumentando mais ainda o desespero. Sem dúvida os gritos da mulher que precisava de resgate também não ajudava muito.
Corri por praticamente todo o primeiro andar lançando gelo quando necessário até encontrar a escada.
Comecei então a subir a escada correndo. Foi quando um pedaço de madeira pegando fogo atingiu meu braço esquerdo fazendo uma leve queimadura nele que só não foi pior porquê a jaqueta aderiu boa parte do calor.
Ao contrário do que eu imaginava, a dor era sim real e o machucado também.
Tentando ignorar a dor continuei a subir a escada o mais rápido possível.
Chegando no segundo andar, corri pelo corredor adoidado ignorando que uma parte do chão dele quebrou e caiu bem atrás de mim, então consegui chegar no quarto.
Apaguei boa parte do fogo no local e finalmente pude ver a mulher que tinha cara de quem ia desmaiar. Provavelmente por conta da fumaça.
– Ei moça! Calma, vou tirar você daqui, ok? – Falei me aproximando lentamente dela. Ela assentiu nervosa e andou na minha direção um pouco desequilibrada. Deixei que ela se apoiasse em mim e juntos começamos a andar para chegar ao corredor.
Foi então que me dei conta de que parte do chão por onde vim havia caído. Olhei então para a mulher que sem dúvida não conseguiria pular aquilo em seu estado atual.
Eu agora não sabia mais o que fazer. Minha mente trabalhava a mil pensando em uma alternativa para sair dali com a mulher.
O teto acima de nós rangia e ameaçava cair. O que fazer?
– Não sei o que fazer! – Falei bem alto.
Tudo então em minha volta parou. Parecia que eu tinha parado no tempo. De inicio fiquei confuso, mas então o fogo desapareceu, a mulher desapareceu e tudo começou a desaparecer até sobrar apenas uma plataforma que segurava o chão onde eu estava e uma enorme sala vazia outra vez.
A plataforma começou a descer enquanto a voz do computador dizia:
– Treinamento finalizado.
Ainda estava nervoso com toda a situação que havia acabado de presenciar. Uma espécie de esteira que levava para a saída surgiu e me carregou junto com ela até a plataforma de saída.
Eu sabia que tinha que treinar muito mais para conseguir pensar e agir em uma situação como aquela sem entrar em desespero ou ficar nervoso, mas com aquilo eu tinha aprendido a controlar um pouco mais meus poderes, o que já me deixou contente.
Enquanto a plataforma abaixava me levando para fora da arena ouvi mais uma vez a voz do computador falando:
– Parabéns e até a próxima, Frederick.

 

Post: 003 § Notas: Here § By: @Lilah!

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